24 mai, 2023 - 17:23 • Maria João Costa
É “um soluço”. É assim que o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) - chama ao encerramento antecipado da Feira do Livro de Lisboa no primeiro sábado do evento, devido aos previsíveis festejos do Benfica. Em entrevista à Renascença, Pedro Sobral reconhece que fechar seis horas mais cedo no primeiro sábado da feira vai ter um “impacto relevante”, sobretudo, na faturação.
“Recebemos a indicação por parte da PSP que tínhamos de fechar às 17h00, para que às 18h00 aquele espaço esteja totalmente livre, não apenas visitantes, mas também dos funcionários”, explica Pedro Sobral, que admite um impacto também a nível da programação prevista para aquele que considera “um dos melhores sábados” da feira.
“Para termos uma noção, dos 262 eventos que estavam programados para este sábado, dia 27, 155 vão ser cancelados ou reprogramados”, adianta o presidente da APEL, devido à necessidade de encerrar seis horas mais cedo, face à previsão dos festejos do fim do campeonato no Marquês de Pombal em caso de vitória do Benfica no campeonato.
Pedro Sobral acrescenta que o prejuízo de faturação também advém, não só das vendas que não se farão, mas dos eventos cancelados que, segundo as suas palavras, “geram muita compra de livros, mas também porque entre as 17h00 e as 19h00 é uma hora dourada, chamemos-lhe assim, para a venda de livros, porque muita gente aproveita o final da tarde para passear”.
Contudo, o responsável da APEL, a associação que com a autarquia de Lisboa organiza a feira, espera a compreensão dos editores e livreiros na tentativa de reprogramar os eventos cancelados. Pedro Sobral, que fala num “enorme esforço” por parte destes profissionais, lembra que domingo a Feira do Livro de Lisboa volta a funcionar no horário normal, ou seja, entre 11h00 e as 22h00.
Questionado sobre se serão compensadas as seis horas de encerramento obrigatório, depois durante o tempo da Feira que decorre até 11 de junho, o presidente da APEL diz que para já é “prematuro” traçar esse cenário. Pedro Sobral lembra que, “do ponto de vista operacional”, o espaço da feira “é extraordinariamente complexo”, porque além dos editores e livreiros têm também “restauração, parceiros e fornecedores que vão desde a EDP, a coisas mais pequenas”.
Quando à feira deste ano que abre quinta-feira, com a inauguração oficial prevista para as 20h00, no Parque Eduardo VII, é uma edição com o mesmo número de expositores, mas com mais chancelas. Nos 340 pavilhões vão estar representadas 980 chancelas editoriais.
“De 25 de maio a 11 de junho teremos mais eventos do que no ano passado”, explica Pedro Sobral. De acordo com o presidente da APEL, em causa estão “mais de dois mil eventos”. “Isto é uma questão muito importante, porque obviamente, a feira caracteriza-se também como um ponto de encontro entre escritores, escritoras e os seus leitores”, refere aquele responsável, que destaca a presença de mais escritores do que o habitual.
Além das “corriqueiras” sessões de autógrafos, haverá “palestras, conversas e show cooking”, refere Sobral, que espera que estas ações ajudem a incentivar hábitos de leitura. Este “ponto de encontro entre escritores, escritoras e leitores obviamente enriquece a capacidade de trazer mais leitores, fixar mais leitores, que é aquela que é a missão da APEL que é obviamente promover, tal como os seus associados, os índices de leitura”, sublinha Sobral.
“A Feira do Livro de Lisboa tem tido uma repercussão internacional muito interessante”, aponta Pedro Sobral, segundo o qual isso talvez justifique o facto de este ano haver “escritores internacionais que estão presentes na feira, muitos deles pró ativamente”.
Presentes na feira vão também estar este ano “delegações de países como a Coreia do Sul, os Emirados Árabes Unidos e muitos países europeus que querem vir visitar, e ver, por que razão é que num país com índices de leitura tão baixos, têm esta festa de livro tão extraordinária, com um impacto tão grande e que junta, como juntou no passado quase 780 mil pessoas”, diz Sobral.
O presidente da APEL fala num conceito de “sucesso”. Pedro Sobral aponta para isso dois fatores. Entre eles o facto de a feira ter lugar num espaço ao ar livre, “um cenário que ajuda muito”, depois por ser o tal “ponto de encontro” de quem escreve, com quem lê. “As grandes feiras europeias do livro são para profissionais e editores”, lembra Sobral, que assim mostra um fator diferenciador da Feira de Lisboa.
Questionado se esse interesse internacional, e esses fatores distintivos podem ter levado a Feira Internacional do Livro de Buenos Aires a convidar a cidade de Lisboa como convidada de honra para a edição de 2024, responsável da APEL diz querer acreditar que a Feira de Lisboa também contribuiu para isso.
Toda a programação da feira está disponível no site Feira do Livro de Lisboa