02 jun, 2023 - 06:30 • Maria João Costa
Até domingo a Companhia Nacional de Bailado apresenta duas coreografias, as últimas que sobem ao palco do Teatro Camões, em Lisboa, antes deste fechar para obras até ao final do ano.
“Symphony of Sorrows” e “Cantata” juntam-se num espetáculo que irá depois percorrer o país em digressão. Em entrevista ao Ensaio Geral, Miguel Ramalho primeiro bailarino da CNB que criou a coreografia Symphony of Sorrows explica este bailado nasceu durante a pandemia, mas sofreu agora algumas transformações
“Quando a nova direção do Carlos Prado começou na companhia pediu-me para revisitar a peça com mais bailarinos, já sem as restrições da Covid-19”, diz Ramalho. Segundo o criador a coregrafia parece “uma peça quase nova” que junta “um grupo maior” de bailarinos.
“Tem um conteúdo mais humano. Existe uma proximidade maior, há mais toque e este sentido de comunidade” indica Miguel Ramalho ao programa Ensaio Geral da Renascença. O artista que fala da “força de grupo” sublinha que são pessoas “que estão a atravessar um deserto, ou uma dificuldade muito grande e que “está em constante interajuda”.
Com música de Henryk Górecki, a coreografia tem desenho de luz de Cristina Piedade e é apresentado no mesmo espetáculo que a coreografia “Cantata” do italiano Mauro Bigonzetti com música tradicional italiana.
Miguel Ramalho é, além de coreografo de Symphony of Sorrows, também bailarino em Cantata. Trata-se de duas obras com ritmos diferentes, explica o diretor da CNB Carlos Prado que sublinha o carácter festivo que tem a Cantata.
“Tem música do Sul de Itália, é uma festa! É uma coreografia muito solar”, indica Prado que explica ao Ensaio Geral que vão andar em digressão pelo país com a CNB durante o ano, a começar já em Almada no Teatro Joaquim Benite de 7 de junho e que passam também pelo Festival ao Largo em julho.
Antes ainda, a CNB vai ao Porto onde subirá ao palco do Coliseu a 16 de junho, depois em Castelo Branco a 23 de junho. Os bailarinos fecham a temporada, antes da interrupção de verão, em Madrid, com um espetáculo a 29 e 30 de julho, no Centro Cultural Conde Duque.
A digressão da CNB pelo país coincide com as obras que vão decorrer no edifício sede da companhia, o Teatro Camões, em Lisboa. A intervenção está programada para decorrer até ao final do ano e será feita com a aplicação de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência para a cultura.
Enquanto decorrem as obras a Companhia Nacional de Bailado vai regressar à sua antiga casa, nos Estúdios da rua Vitor Cordon, no centro de Lisboa conta Carlos Prado. O diretor da CNB refere que só em janeiro do próximo ano deverão regressar ao Teatro Camões.
Os melhoramentos no teatro “fazem imensa falta” diz o diretor que lembra que desde que inaugurou, há 25 anos, o teatro não teve uma obra de fundo. “Para além de melhoramentos técnicos no palco, em termos de som e luz, era muito importante fazer obras de fundo na cobertura”, destaca Prado.
“Já começava a chover cá dentro” sublinha o responsável da direção artística da CNB. A estrutura que pertence ao Organismo de Produção Artística, EPE, OpArt vai assim, finalmente ver avançar as obras no Teatro Camões. Uma parte da intervenção vai também recair na restruturação do sistema de ar condicionado, da bilheteira e da cafetaria. No Teatro Camões vai ainda nascer uma loja para venda de material de promoção da CNB.