03 jun, 2023 - 14:16 • Maria João Costa
Conhecemos o seu nome do cinema. Está habitualmente atrás da câmara de filmar, mas desta vez deram-lhe para a mão uma máquina fotográfica instantânea. O realizador João Botelho usou uma Polaroid para registar momentos. O resultado está na exposição “Fotografias Imperfeitas? Ainda Bem”.
A mostra que abre este sábado às 15h, no Teatro do Bairro, em Lisboa resulta também num livro que será apresentado com a presença do realizador. Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, Botelho considera que este trabalho “é uma brincadeira”
O projeto fotográfico nasceu do desafio de Fernando Gonçalves que pediu a João Botelho para voltar a fotografar com uma Polaroid. O realizador faz as contas de cabeça e explica que “há mais de 40 anos” que não pegava numa máquina fotográfica instantânea.
“A Polaroid é tão atrativa, como é perigosa” afirma o experiente realizador de cinema que fez 23 Polaroids e um autorretrato. Na sua opinião, “é preciso uma certa luz. Luz a mais queima tudo, pouca luz não se vê nada e fica tudo desfocado” indica, acrescentando que “o enquadramento às vezes é perigoso, não se acerta muito” porque a objetiva está de lado.
João Botelho registou a sua Lisboa, o mundo em seu redor. “Moro no Príncipe Real há 40 e tal anos” explica o realizador que começou por fotografar o Jardim Botânico de Lisboa, depois retratou o que diz serem “umas montras ridículas”, e fotografou “os céus”, “as buganvílias” etc.
A somar às fotografias, João Botelho escreveu umas “pequenas narrativas”, onde conta o que quis retratar. Umas das imagens diz que “é um fantasma”. “Aquilo que eu via, não era nada daquilo! Aquilo foi simplesmente a Polaroid que inventou aquilo!” conta o autor do filme sobre Alexandre O’Neill que ficou surpreendido com algumas das imagens que agora mostra.
Este projeto de livro e exposição já contou antes com os trabalhos do artista Pedro Cabrita Reis e da escritora Luísa Costa Gomes. Agora João Botelho deu outra vida, porque além de fotografar, também pintou sobre as imagens.
“Podem-se pintar e raspar. Pintei-as com acrílico. É difícil porque seca logo” diz Botelho que fala desta “boa brincadeira” em que se meteu e que agora pode ser visitada até 30 de julho no Teatro do Bairro, com entrada gratuita.
Esta exposição integra o projeto Pillow Book – Livro de Cabeceira & Polaroid da Incubator Photo Gallery, numa parceria com a Ar de Filmes/Teatro do Bairro. Depois de João Botelho, este projeto vai ser replicado por outros criadores como António Pires, Carlos Martins, Nuno Carinhas, Rui Chafes, Pedro Migueis, Paulo Moura, entre outros.