07 jun, 2023 - 18:13 • Diogo Camilo , Filipa Ribeiro , Sónia Santos
Em Alcoitão há uma Escola Superior de saúde onde é raro que um aluno acabe desempregado. A ESSAlcoitão tem uma taxa de empregabilidade de quase 100% e um dos maiores responsáveis pelo sucesso profissional dos seus alunos é o diretor da instituição da Santa Casa Misericórdia de Lisboa, o professor Jorge Torgal.
Em entrevista esta tarde na Renascença, conta como foi construído o sucesso da escola que já existe desde 1966, mas só em 1994 é que integrou o Sistema Nacional de Ensino.
Qual é o segredo?
O segredo é o trabalho. O segredo é que, por um lado, a escola, como prestigiada que é, é procurada pelos bons alunos. Em segundo lugar, temos um corpo docente muito qualificado e respeitado. Em terceiro lugar temos programas de ensino que são intensos, que têm uma componente prática muito importante.
E, por outro lado, apesar de ser uma escola privada que tem bolsas para aqueles que necessitam, não há facilitismos. Aqueles que estão na escola sabem que têm que honrar o nome daqueles que já saíram e que para conseguirem ser tão competentes como os outros colegas que já estão na profissão, têm que trabalhar.
Somos uma escola relativamente pequena, o que permite que haja um clima bastante profícuo para que as pessoas trabalhem e se conheçam bem e se estimulem. E, desta forma, conseguimos que os nossos alunos estejam muito bem preparados quando acabam o seu curso.
Dar Voz às Causas
Diogo Vicente está a acabar o último ano do curso (...)
Mesmo sendo ensino privado, a escola oferece bolsas da Santa Casa. Que bolsas são estas e a quem é que são entregues?
Estas são bolsas que custeiam a totalidade da propina e das despesas inerentes que são necessárias - como os instrumentos de trabalho - para fazer formação. E são bolsas que são atribuídas com o critério do rendimento familiar e a classificação final de entrada no ensino superior e, portanto, privilegiando, como é natural, o rendimento familiar ser baixo.
A procura destas áreas de que falamos aqui tem aumentado?
É bastante forte na área da Fisioterapia, menos forte na Terapia Ocupacional e é má na Terapia da Fala. Isto não é uma questão unicamente nossa, é uma questão nacional. É estranha porque, de facto, há uma enorme necessidade de terapeutas da fala. Todas as semanas recebo e-mails a dizer se posso indicar alguém porque há necessidade de terapia da fala numa dada associação, numa dada empresa, etc.
É uma profissão pouco conhecida, digamos assim, e os jovens não a ligam a um futuro profissional. E é de uma enorme importância, desde os problemas das crianças, desde os problemas de malformações da cavidade bucal, desde os problemas ligados a acidentes vasculares cerebrais que necessitam de terapia da fala para as pessoas recuperarem completamente.
Há uma enorme necessidade social de profissionais qualificados nesta área e, infelizmente, os jovens não estão tão propensos, não conhecem. Acho que progressivamente a procura irá aumentar, o que não quer dizer que nós não ocupemos as vagas que temos.
Mas enquanto para a fisioterapia temos três vezes mais procura do que lugares, em Terapia da Fala não é esse o caso. Esperamos que os jovens tomem consciência de que esta é uma profissão socialmente muito relevante, qualificada e que tem múltiplas saídas profissionais.