22 jun, 2023 - 14:12 • Maria João Costa
Será uma exposição “imersiva” a que Patti Smith trará a Portugal e que será apresentada no Museu de Arte Contemporânea/CCB (MAC/CCB) a partir de 22 de março do próximo ano. Segundo Delfim Sardo, da administração do Centro Cultural de Belém (CCB) a exposição pensada para o Centro Georges Pompidou, de Paris, presta “homenagem às referências literárias e poéticas da Patti Smith”.
“Evidence: Soundwalk Collective & Patti Smith” vai estar patente até 8 de setembro de 2024 e propõe ao visitante uma experiência. Além de objetos, a mostra “tem um fio condutor sonoro que cada visitante com os seus auscultadores pode seguir”, explicou Delfim Sardo que concluiu: “dependendo de por onde as pessoas se deslocam no espaço, ouvem sons diferentes”.
Mas esta não é a única grande exposição. O museu que abrirá portas a 28 de outubro com uma exposição que coloca em diálogo as coleções Berardo, Elipse e Teixeira de Freitas em depósito no CCB, vai também acolher uma exposição da artista belga Berlinde de Bruyckere que trabalha nas áreas do desenho e da escultura e que contará com a participação performativa do português Romeu Runa.
Também programada está uma exposição do artista português João Fiadeiro. “É uma exposição curiosa em termos performativos”, explicou Delfim Sardo que indicou que “a preparação da exposição vai ser transparente para o visitante” que vai poder ver o artista em residência no espaço da exposição.
A programação do museu é conhecida numa altura em que será aberto, a partir desta sexta-feira, o concurso internacional para encontrar um novo diretor artístico para o MAC/CCB. Delfim Sardo explicou que procuram “alguém que tenha um perfil internacional, com conhecimentos profundos de História de Arte, prática de curadoria e de direção institucional e alguém que possa abraçar este projeto contemporâneo no conhecimento da realidade portuguesa e da sua projeção internacional”.
Numa altura em que prepara a apresentação de um estudo de públicos, o CCB fala em “recuperação”. O presidente do conselho de administração, Elísio Summavielle explicou na conferência de imprensa que têm “tido taxas de ocupação muito boas, na ordem dos 78 a 80 por cento”.
Perante estes dados que classificou como “simpáticos e expressivos”, e depois dos anos difíceis da pandemia, Summavielle antecipa um final de ano em que ultrapassarão “os dados de 2019”, com um “aumento de receitas dos eventos cooperativos e atividade comercial”.
“Depois da tempestade vem a bonança”, diz o responsável do CCB que fala um “arranque com o CCB na sua plenitude, com todos os módulos”, referindo-se à recente reintegração do espaço de exposições. Por arrancar continua, no entanto, um dos projetos de Summavielle, a construção de dois novos módulos do CCB. “Talvez futuramente”, afirma o presidente.
Por seu lado, sem antecipar as principais conclusões sobre o estudo de públicos, Madalena Reis, uma das administradoras referiu que o estudo indica que “a forma como o público olha para a cultura, inclui também a gastronomia e desporto” e revela que o CCB, enquanto instituição, mas também como edifício é uma referência de “notoriedade” para o público.
Quanto às “motivações e entraves ao consumo cultural”, Madalena Reis indicou que além da concorrência em termos de programação, a falta de tempo e energia são inimigos da frequência de atividade cultural.
Tendo como mote o Chão Comum, a programação aposta em vários eixos, e sobretudo no cruzamento de artes. “Haverá concertos no museu”, dá como exemplo Delfim Sardo. No cartaz anunciado perfila-se também um novo festival
O Belém Soundcheck vai decorrer de 21 a 24 de março e marca o início da primavera com 4 dias de concertos. Outra aposta na área da música com um “lado exploratório”, indica Delfim Sardo, será a programação Take Off que “tentar encontrar novas formas de expressão musical”.
Outro ciclo, o “Atravessar o Fogo” terá a curadoria do maestro Martim Sousa Tavares que aposta tanto em obras clássicas como peças de Prokofiev, como por música improvisada. É uma programação que tenta “encontrar novas formas de viver a música”, sublinhou Delfim Sardo na conferência de imprensa.
Ainda na área da música, mas da erudita, o novo programador, o maestro Cesário Costa explicou que terão “programação pensada para todos os públicos, com a preocupação de invadir todos os espaços do CCB convencionais e não convencionais”.
Cesário Costa pensou a música organizada em 5 ciclos. “O primeiro será o das Orquestras que será ao domingo à tarde, onde o público vai poder ouvir as obras mais emblemáticas”. Exemplo disso será a Sinfonia nº3, a Heroica de Beethoven que será tocada a 26 de novembro ou obras de Joly Braga Santos, compositor que “vai estar em destaque na programação ao longo da temporada e de quem vários artistas vão tocar a sua obra”, indicou o programador.
Haverá um ciclo de ópera, em parte, em parceria com o Teatro Nacional São Carlos. Uma das obras em destaque será o clássico Fidelio de Beethoven que será tocado no arranque de 2024, dias 21 e 23 de janeiro. Este ciclo contempla ainda a opera “Maria da Fonte” de Augusto Machado.
O público do CCB vai também poder contar com Concertos Comentados na nova temporada e o ciclo Sexta Maior que vai proporcionar uma “viagem desde a música antiga até a uma estreia de António Pinho Vargas” explicou o maestro que defende que “se incluirmos no programa uma estreia, o público vai ouvir. A ideia é cruzar reportórios” destacou Cesário Costa.
Ainda na área da música, o CCB mantém a parceria com o Museu do Fado e mantém os espetáculos Há Fado no Cais que nesta temporada vão trazer ao de Belém nomes como Marco Rodrigues, Cristina Branco, António Chaínho ou Ricardo Ribeiro.
Fernando Luís Sampaio, programador para as áreas da dança e teatro explicou que no teatro o CCB irá fazer “um mapeamento da história da mulher”. O cartaz abre em outubro com a atriz Maria do Céu Guerra no palco do CCB com a peça “Mary para Mary”.
O ciclo segue com a “estreia de um grande encenador europeu”, Alexander Zeldin que traz a Lisboa a peça “The Confessions” que dramatiza a vida de uma mulher australiana desde o nascimento até à morte. Terão também a peça “Mãe Coragem” que será protagonizada pela atriz Maria João Luís com encenação de António Pires do Teatro do Bairro.
Numa programação que aposta na “revisitação da memória”, na área da dança será recuperada a coreografia GUST9723 de Francisco Camacho, “uma obra marcante do património coreográfico português”, refere o programador.
Os 10 anos de carreira da dupla Jonas & Lander será também alvo de destaque com 3 momentos diferentes, um deles um espetáculo já premiado, “Cascas d’Ovo” e uma instalação performance.
Num outro género em novembro, o CCB acolhe o espetáculo La Confluencia de Estévez/Paños y Compañia que “vai buscar as raízes do flamento”, explicou Fernando Luís Sampaio. Haverá também um espetáculo de Marina Otero que terá “muita nudez em palco”, detalhou o programador.
Depois de já ter este ano começado a celebrar o caminho para os 50 anos do 25 de Abril, o CCB vai continuar a apostar na temática com o ciclo “Revolução” que vai trazer ao CCB nomes como Jaime Nogueira Pinto, Bernardo Pires de Lima, Rui Tavares ou Fernando Rosas. Trata-se de um ciclo ideologicamente “transversal”, explicou a programadora Beatriz Serrão
Segundo esta responsável para a área do pensamento, “a ideia principal é a palavra olhar que reflete as várias perspetivas que estamos a apresentar” e onde farão uma “reflecção sobre momentos transformadores da História”
Também a propósito dos 50 anos da Revolução dos Cravos, o radialista Nuno Galopim vai promover um ciclo de encontros em torno das “Canções da Revolução”. Serão 4 sessões onde Galopim falará das “músicas que se tornaram símbolo”. Ainda na senda das comemorações, mas dos 500 anos de Camões, o poeta e escritor António Carlos Cortez “vai contar histórias de Os Lusíadas”.
Numa temporada que foi sendo apresentada com a moderação de Luís Osório, Madalena Wallenstein, programadora à frente da Fábrica das Artes há 15 anos explicou que lançou uma pergunta à equipa que deu o mote para a programação que apresentam.
“Quanto vale a liberdade, dramaturgias da Revolução” é assim o tema com que a Fábrica das Artes irá também, para o público mais novo falar sobre Abril de 1974. “Depois desdobramos o tema, desde a questão do trabalho com o espetáculo Bora Lá Laborar do Teatro do Ferro, a um projeto Mundo Oco que fala sobre as alterações climáticas”, tudo está incluído no cartaz da Fábrica que contará este ano também com a presença de dois projetos da Odisseia Nacional, do Teatro Nacional D. Maria II e o regresso do Festival Big Bang