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Lídia Jorge vence prémio literário Fernando Namora

08 nov, 2023 - 10:46 • Lusa

A obra “Misericórdia” foi escolhida por unanimidade. A história decorre entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte da mãe da autora, que foi uma das primeiras vítimas da Covid-19 no Algarve.

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A escritora Lídia Jorge venceu o Prémio Literário Fernando Namora, no valor de 15.000 euros, com o romance "Misericórdia" (2022), anunciou esta quarta-feira a Estoril-Sol, que promove o galardão.

A obra foi escolhida por unanimidade, tendo o júri, ao qual presidiu Guilherme D'Oliveira Martins, assinalado que se trata de "um romance, numa escrita marcada por singular criatividade, [que] transfigura ficcionalmente a matéria do real que o suscita e, na construção da personagem nuclear como de outras, nos múltiplos momentos da efabulação, nos planos em torno dos seus universos sociais, emocionais, afetivos, e nas notações de um processo de perda sem excessos descritivos, exprime uma voz com atributos incomuns de generosidade e humanismo", segundo nota enviada à agência Lusa.

O júri realçou "a manifesta qualidade literária de vários dos livros a concurso", salientando as obras "W. B. Yeats, Onde Vão Morrer os Poetas", de Cristina Carvalho, "Um Cão no Meio do Caminho", de Isabela Figueiredo, "História de Roma", de Joana Bértholo, e "Cadernos de Água", de João Reis.

Com o romance "Misericórdia", a autora de 77 anos venceu, em agosto passado, o Prémio para Melhor Livro Lusófono publicado em França, atribuído pela redação da revista literária Transfuge, e foi uma das candidatas ao Prémio Femina, na categoria de melhor romance estrangeiro publicado em França.

Ganhou também o Grande Prémio de Romance e Novela/2022 da Associação Portuguesa de Escritores (APE).

"Misericórdia" foi escrito por Lídia Jorge quando a mãe, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com este título.

Segundo a escritora, este não é um livro "mórbido" e a sua escrita não lhe suscitou sentimentos de tristeza ou dor. Antes, é um "livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir", sobre os "atos de resistência magníficos, que as pessoas têm no fim da vida".

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