19 nov, 2023 - 20:52 • João Malheiro
Sara Tavares morreu este domingo, no hospital da Luz, em Lisboa, aos 45 anos, avançou a SIC Notícias e confirmou a Lusa, junto de fonte familiar.
A cantora portuguesa tinha sido diagnosticada há mais de uma década com um tumor no cérebro.
De ascendência cabo-verdiana, nasceu em 1978, em Lisboa. Depois de ter ganho a primeira edição do concurso Chuva das Estrelas, em 1994, da SIC, foi convidada a participar no Festival da Canção.
"Chamar a Música", tema de Rosa Lobato de Faria e João Oliveira, foi a vencedora do certame e representou Portugal na Eurovisão de 1994, tendo alcançado o oitavo lugar.
O seu primeiro disco "Sara Tavares e Shout!" foi editado em 1996.
Nas duas décadas seguintes, Sara Tavares editou vários álbuns que a aproximaram das raízes cabo-verdianas, com destaque para “Balancê” (2005), que lhe valeu um disco de platina e uma nomeação como Artista Revelação as prémios BBC Radio 3 World Music.
Em 2011, recebeu Prémio de Melhor Voz Feminina nos Cabo Verde Music Awards e no ano seguinte deu continuidade à digressão internacional “Xinti”, título do álbum editado em 2009, que lhe valeu o Prémio Carreira do África Festival na Alemanha.
Em 2018 esteve nomeada para os Grammy Latino com o quinto álbum, "Fitxadu" (2017), no qual aprofundou a relação com a música cabo-verdiana, contando com Manecas Costa, Nancy Vieira, Toty Sa'Med e Kalaf Epalanga entre os convidados.
A par da carreira em nome próprio, Sara Tavares colaborou com vários nomes da música portuguesa e lusófona, nomeadamente Ala dos Namorados, Dany Silva, Paulo Flores, Buraka Som Sistema e Carlão.
Nas reações à morte de Sara Tavares, o Presidente da República recordou a "vocação, dedicação e determinação" da cantora e salientou a sua "grande proximidade à música e aos músicos africanos".
Numa nota divulgada na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa refere que Portugal descobriu Sara Tavares "há trinta anos, ainda adolescente, através de um dos concursos de talentos que, nas décadas seguintes, revelariam vários nomes" hoje conhecidos e admirados.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, também já lamentou a morte "prematura" de Sara Tavares e destacou o percurso da "notável autora de canções", que cruzaram influências.
Tozé Brito recorda como levou Sara Tavares para a editora BMG e diz que este é "um dia triste como foi alegre" a vitória no Festival da Canção.
"Querida Sara, hoje é um dia muito triste, tão triste como foi alegre aquele em que “chamaste a música” e venceste o Festival de 1994, quando nos tiraram esta fotografia que guardei e guardarei para sempre. Que a tua fé te leve onde mereces continuar a canta", escreveu Tozé Brito na rede social Instagram.
A fadista Gisela João considera que Sara Tavares foi "uma inspiração tão grande para tanta gente" e uma artista com "força e doçura".