24 nov, 2023 - 10:36 • Maria João Costa
Cinquenta anos depois haverá ainda imagens do 25 de Abril de 1974 que estão inéditas? A pergunta procura resposta. A Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril está, em conjunto com a Cinemateca Portuguesa, à procura de filmes amadores que estejam ainda inéditos.
Nesse sentido, foi lançada uma campanha com a ideia de salvaguardar esse património e difundi-lo. Em comunicado, a comissária-executiva, Maria Inácia Rezola, refere que “estas perspetivas são elementos relevantes para promover maior conhecimento da nossa história recente”.
Já José Manuel Costa, diretor da Cinemateca Portuguesa, lembra que “os filmes amadores não eram sujeitos à censura do Estado Novo nem a quaisquer limitações ou formatações prévias”.
De acordo com este responsável, estes filmes que podem estar inéditos são “fonte inestimável para compreender o século XX português”.
A Cinemateca está à procura filmes “em película de pequeno formato: 9,5mm, 16mm, 8mm e Super 8”, refere o comunicado. “Uma vez recebidos, os filmes serão identificados, catalogados, digitalizados (caso o seu estado de conservação o permita, sendo nesse caso oferecida ao proprietário uma cópia digital) e consultados para fins de investigação”.
Caso o autor dos filmes o permita, as imagens poderão ser disponibilizadas através da Cinemateca Digital e “usados como imagens de arquivo em novas produções audiovisuais”. A Comissão da Comemoração do 25 de Abril indica também que “os materiais podem ser conservados na Cinemateca em regime de depósito ou de doação”.
Caso esteja na posse de algum filme inédito, poderá contatar a Cinemateca, através do telefone ou pelo e-mail prospecao@cinemateca.pt. O comunicado indica ainda que poderá também dirigir-se presencialmente à Cinemateca Portuguesa, na Rua Barata Salgueiro, 39, em Lisboa, ou ao ANIM, o Centro de Conservação da Cinemateca, na Rua da República, em Bucelas.
Nas palavras da comissária Maria Inácia Rezola, “esta passagem de testemunho sobre o passado, as memórias da ditadura, da construção da democracia e do valor da liberdade é fundamental para que possamos, em conjunto, pensar e construir o futuro.”
Já o diretor da Cinemateca Portuguesa indica que a diversidade de filmes que existirá pode enriquecer o acervo de imagens do 25 de Abril. “Os filmes amadores olham muitas vezes para outros pormenores e de outros pontos de vista, que só aí podem ser observados. Sabemos que muitos portugueses filmaram o 25 de Abril, em Lisboa e no resto do país, e temos a certeza de que esta campanha revelará muitas imagens inéditas da Revolução, alargando o sentido do que se encontra no cinema profissional ou na televisão."