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"Seria fantástico". João Canijo sonha ver "Mal Viver" na "shortlist" dos Óscares

11 dez, 2023 - 08:32 • Redação com Lusa

O realizador antecipa entrada na pré-lista de candidatos da cerimónia e adianta expectativas até para a expansão da indústria do cinema português.

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A entrada do filme português "Mal Viver" na "shortlist" de candidatos para a nomeação aos Óscares "seria fantástico", confessou o realizador João Canijo em entrevista à agência Lusa, em Los Angeles, onde se encontra em plena campanha de promoção do filme.

"Chegar à 'shortlist' seria ótimo. Era garantia de que haveria uma distribuição nos Estados Unidos", afirmou o cineasta português, que já esteve em Washington no início de dezembro numa mostra onde o filme foi exibido.

Submissão oficial de Portugal aos Óscares 2024, na categoria de Melhor Filme Internacional, "Mal Viver" está a ser promovido em exibições privadas junto de membros da Academia em Los Angeles. A "shortlist" dos 15 filmes internacionais selecionados vai ser anunciada no próximo dia 21 de dezembro.

"A minha expectativa é fatalista. Será o que for. Mas claro que seria muito bom", disse João Canijo, considerando que há um "espaço interessante" para o filme junto do público norte-americano.

"Há um nicho de mercado nos Estados Unidos que serve para o meu filme. Não é o generalista, com certeza, mas há um nicho de mercado que funciona".

Protagonizado por Anabela Moreira, Madalena Almeida, Rita Blanco e Cleia Almeida, "Mal Viver" - "Bad Living" no circuito internacional - venceu o Urso de Prata de Melhor Realização no Festival de Berlim. Para João Canijo, este prémio é mais passo para o cinema português se aproximar do reconhecimento internacional, contornando as lacunas da indústria.

"Pode contornar com um Urso em Berlim, uma Palma em Cannes ou um Leão em Veneza", disse. "Por isso é que os festivais europeus são tão importantes, porque fazem com que o filme circule pelo mundo inteiro".

"Mal Viver" tem já garantida distribuição comercial em França, Brasil e México, com Espanha a seguir. Se chegar à "shortlist" dos Óscares, terá espaço nos Estados Unidos, ampliando de forma significativa um alcance que não consegue ter só com o mercado doméstico.

"Nós não temos mercado. O país é muito pequenino e não tem o poder de compra nem o nível de vida de países do mesmo tamanho em termos de população, como a Bélgica e Holanda", frisou o cineasta.

Isso reflete-se na pouca elasticidade dos investimentos. "Não há orçamentos em Portugal que permitam fazer um filme como os países nórdicos ou os espanhóis", frisou, "com características técnicas e de produção que permita sonhar com os Óscares".

Em 2023, a dupla João Gonzalez e Bruno Caetano fez história quando a "curta" de animação "Ice Merchants" foi nomeada para um Óscar. É uma categoria "mais equilibrada", disse Canijo, algo que não acontece na ficção.

"As nossas produções são muito baratas, os filmes são muito artesanais, são feitos com muito esforço e não têm os meios que têm por exemplo os filmes espanhóis".

Mas as limitações não significam menor qualidade. "Os novos são bastante melhores que os velhos. Há melhores profissionais e os filmes são melhores", considerou João Canijo.

Satisfeito com a receção de "Mal Viver", o cineasta refletiu na forma como a crueza do filme tem tocado as audiências. "Talvez porque o filme é muito real. Tanto na história como nas atuações das atrizes", afirmou. "E talvez essa realidade possa ser comovente ou perturbante".

"Mal Viver" é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, "que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e rancor", abalada pela chegada inesperada de uma neta, como se lê na sua sinopse.

A "shortlist" de candidatos à nomeação de Melhor Filme Internacional vai ser divulgada a 21 de dezembro, com as nomeações finais marcadas para 23 de janeiro. A 96.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas vai decorrer a 10 de março de 2024.

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