17 jan, 2024 - 17:29 • Maria João Costa
No ano em que Portugal começa as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, o palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) recebe nos dias 21 e 23 deste mês uma ópera que encerra em si uma “mensagem de liberdade”.
Quem o diz é o programador do CCB, Cesário Costa. Em entrevista à Renascença, o maestro explica que Fidélio, a única ópera composta por Ludwig van Beethoven (1770-1827) é mais do que uma história de amor.
Passada em Sevilha, em Espanha, no final do século XVIII, a ópera é, refere Cesário Costa “uma história de amor entre duas pessoas, mas tem também esse aspeto, de ter uma mensagem ética que Beethoven insere no libreto, que é a vitória dos ideais de libertação”.
O maestro sublinha o contexto da criação de Beethoven. Trata-se do “período em que a Austrália estava ocupada pelas tropas napoleónicas”. Esta coprodução entre o Teatro Nacional de São Carlos e o CCB parte de uma produção da Staatsoper de Hamburgo e do Teatro Communale de Bolonha.
No Grande Auditório o público vai poder ver a versão da ópera estreada em 1814. “Julga-se que parte de uma história que terá existido nessa altura, que terá servido de inspiração para o libreto e conta uma história de amor passada em torno da prisão de presos políticos”, indica Cesário Costa
“Um nobre virtuoso permanece recluso e condenado a morrer lentamente de fome”, explica o maestro. É neste enredo que surge Leonore, “disfarçada de homem, de Fidélio” para conseguir “libertar o seu marido” da prisão.
Com encenação de Georges Delnon, Fidélio conta no elenco com cantores líricos como Nikolai Schukoff, no papel de Florestan; Gabriella Scherer como Leonore; Joshua Bloom como Rocco e os portugueses Susana Gaspar, Leonel Pinheiro; Sérgio Martins, Nuno Dias que contracenam com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Com direção musical de Graeme Jenkins, este Fidélio ganha renovada atualidade no ano em que Portugal celebra 50 anos do 25 de abril aponta Cesário Costa.
“Se pensarmos que em 2024 estamos a comemorar os 50 anos do 25 de Abril, se calhar, os valores são os mesmos que nós estamos a assinalar este ano e também se pensarmos naquilo que são as outras obras que Beethoven compôs, como a Nona Sinfonia, por exemplo, ou Fantasia Coral que tem sempre um lado muito presente da defesa de princípios, da liberdade digamos que esses valores estarão presentes nesta história que é agora contada”, remata.
Dia 21 a récita está marcada para as 16h00 e no dia 23 será às 20h00 no Grande Auditório do CCB.