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Milionária doa fortuna a desconhecidos para viver como trabalhadora “normal”

07 fev, 2024 - 15:56 • Teresa Paula Costa

Marlene Engelhorn quer chamar a atenção do governo austríaco para a injustiça fiscal existente no país.

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Uma mulher de 31 anos, residente na Áustria, decidiu dividir a sua fortuna, de 25 milhões de euros herdados da sua avó, por 50 pessoas desconhecidas, para chamar a atenção do governo austríaco para a necessidade de aplicar impostos sobre os mais ricos.

Segundo o jornal The Guardian, desde 2021, Marlene Engelhorn, cuja fortuna provém da empresa química alemã BASF e da empresa farmacêutica Boehringer Mannheim, tem apelado ao aumento dos impostos sobre si própria e sobre os seus pares, já que, na Áustria, ao contrário do que acontece com o trabalho, as grandes fortunas não são taxadas – o país aboliu em 2008 o imposto sobre as heranças.

No início deste mês, constituiu o "Grande Conselho para a Redistribuição", ou "Gute Rat für Rückverteilung", que enviou convites a 10 000 pessoas selecionadas aleatoriamente na Áustria.

Centenas de pessoas responderam e delas serão selecionadas 50 que reflictam a demografia do país e que receberão uma parte do dinheiro.

Engelhorn, que concedeu um financiamento adicional de 3 milhões de euros para cobrir os custos de funcionamento do Conselho, não terá qualquer influência na forma como ele decidirá gastar o dinheiro, tendo sido estabelecidas regras gerais.

Assim, os fundos não podem ser direcionados para grupos ou indivíduos inconstitucionais, hostis ou desumanos, nem podem ser aplicados em atividades com fins lucrativos, partidos políticos ou pagos a membros do Conselho ou a partidos relacionados.

O Conselho terá também a tarefa de explorar a questão, muitas vezes esquecida, de como as sociedades redistribuem a riqueza.

Segundo o jornal, Marlene Engelhorn está convicta de que o facto de não se tributar a riqueza como a sua distorce a democracia, ao dar um peso político desproporcionado aos super-ricos, privando, simultaneamente, os governos dos recursos que poderiam ajudar a resolver este desequilíbrio de poder.

Educada em escolas privadas e rodeada de outras pessoas ricas durante grande parte da sua vida, Marlene Engelhorn quer doar toda a sua riqueza e sair daquilo a que chama a "sopa de riqueza feudal" em que nasceu.

"Há algo que não bate certo quando eu herdo milhões e não sou tributada, enquanto uma pessoa que trabalha 40 horas, talvez mais, talvez dois empregos, tem filhos, talvez... e é tributada pelo seu trabalho. Terei de encontrar um emprego e ganhar dinheiro da forma como 99% da população tem de o fazer", afirmou.

Pelo menos 90% do seu património foi entregue ao Conselho, enquanto o restante será utilizado para cobrir os seus encargos financeiros, bem como para lhe proporcionar uma segurança enquanto se adapta à vida ativa.

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