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Quarteto Contratempus: o grupo que quer “democratizar a ópera”

23 fev, 2024 - 13:35 • Redação

"Falar para o mundo e trabalhar perto da comunidade através da ópera" é o objetivo do grupo, afirmou a diretora artística.

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O Quarteto Contratempus é um grupo de ópera sediado no bairro da Corujeira, em Campanhã. A missão do grupo é “aproximar a ópera das pessoas” e trabalhar junto das comunidades, contou Teresa Nunes, soprano e diretora artística do grupo.

Criado em 2008 por alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), o Quarteto Contratempus foca-se na criação de ópera contemporânea, onde tanto os cantores como os instrumentistas interpretam personagens.

"Quando criámos o projeto, só tínhamos uma cantora e três instrumentistas. Por só haver quatro pessoas em palco, surgiu a oportunidade de todos os membros incorporarem também uma personagem na ópera”, explicou Teresa à Renascença.

A premissa do grupo assenta-se na “procura de novas formas de fazer ópera para dizer algo novo ao mundo”. Violência contra a mulher, a vida das comunidades piscatórias e a sustentabilidade são alguns dos temas já abordados pelo Quarteto.

“Procuramos sempre trabalhar e incluir as pessoas nas nossas óperas. Os inputs que a comunidade tem imprimido nestas criações artísticas têm lhes dado mais verdade.”, afirmou a diretora artística.

São já vários os trabalhos desenvolvidos pelo Contratempus em conjunto com a comunidade de Campanhã e do Grande Porto. O projeto “Lugar-comum” surgiu de uma parceria do Quarteto “com públicos da Santa Casa da Misericórdia do Porto, em que ao longo de dois anos foram feitos 25 mini-projetos que se uniram numa só ópera”.

Em 2023, o grupo realizou um trabalho com a comunidade piscatória de Esposende e Apúlia, onde criou um repositório com testemunhos dos pescadores. “Depois tivemos uma libretista que os adaptou para texto e criámos a ópera “Torre da Memória”, que também contava com a participação de um coro comunitário da comunidade de Esposende”, relembra Teresa Nunes.

Sobre a sede em Campanhã, Teresa afirmou que foi “apenas um feliz acaso”. Em 2021, com o “Programa Garantir Cultura”, um apoio à mitigação dos impactos da crise pandémica no setor cultural, o Quarteto encontrou “uma casa” no bairro da Corujeira.

“Tem sido muito interessante conhecer e trabalhar com a comunidade de Campanhã”, contou Teresa.

O Quarteto Contratempus está, atualmente, a preparar o Festival internacional de Ópera do Porto (FIATO) “que vai estar presente em salas de espetáculo, na via pública e junto das comunidades da cidade”. Teresa confessou estar entusiasmada para “perceber como o público se vai relacionar com a ópera.”

Ainda no mês de Fevereiro, no dia 24, o grupo voa até aos Açores para apresentar a ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz", integrada no Festival Prolífica. O espetáculo baseia-se na temática da violência contra as mulheres.


Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha
Quarteto Contratempus na ópera "Ai, tu é que és o meu rapaz". Foto: Pedro Sardinha

“Quisemos apresentar esta mini-ópera pois, embora tenhamos uma sobre o mesmo tema para Grande Teatro, sentimos a necessidade de ter algo mais pequeno que se aproximasse mais facilmente da população”, salientou a diretora artística do Quarteto.

Mais tarde, o objetivo é trazer o espetáculo para Portugal Continental. “Queremos levar depois este projeto para espaços não convencionais, como escolas e outros espaços que queiram abordar a violência à mulher.”

Para Teresa Nunes, “é importante associar a ópera a uma ação de sensibilização porque, infelizmente, ainda é uma temática muito presente na nossa sociedade”.

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