08 mar, 2024 - 12:15 • Maria João Costa
É um concerto único e uma oportunidade para ouvir em estreia uma nova composição de António Pinho Vargas. Esta sexta-feira, pelas 21h00, o Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) recebe o concerto “O Som do Silêncio”.
O Quarteto Leipzig vai interpretar, em estreia, a peça “Collections & translations (…varianti…)” de António Pinho Vargas, num concerto em que irá também interpretar peças de Joly Braga Santos e Dimitri Shostakovich
Em entrevista à Renascença, questionado sobre se ainda fica nervoso com uma estreia, António Pinho Vargas diz que não sente “receio”, mas admite a “expectativa” e compara uma estreia com um nascimento. “É quase como assistir ao nascimento de uma coisa, e ver como é que ela se comporta, e se funciona”.
Para Pinho Vargas, “cada concerto em que ocorreu uma estreia de uma peça suscita sempre alguma ansiedade por melhor que conheça a peça e por mais vezes que tenha sido tocada”.
Admite que a cada concerto em que ouve uma peça sua é “diferente”. “É uma coisa extraordinária”, classifica, dizendo que tudo “assenta no grande mistério, o grande fascínio da arte musical”.
A peça que agora estreia responde a uma encomenda que lhe foi feita pelo CCB. Na altura, diz que teve a tentação de ir ouvir as peças de Joly Braga Santos para com elas estabelecer um diálogo, mas abandonou a ideia, indica.
“Entrei numa outra fase que tem a ver com algumas peças do passado e, portanto, as ‘Collections’ do título são efetivamente pequenos fragmentos de alguns quartetos de cordas que eu estudei e transcrevi”, explica Pinho Vargas ao programa Cartaz CCB.
Pegando no seu legado de composição, Pinho Vargas avançou na escritura da obra para “tentar constituir um discurso musical a partir daqueles materiais”. Entre os temas que aborda, estão, como em outros trabalhos seus, a vida e a morte.
“O próprio título assinala esse caráter mais trágico, do que efetivamente dramático. Tem a ver com a existência do ser humano e o seu confronto permanente com a ideia da morte. É uma questão filosófica e existencial muito profunda e que em várias peças minhas, essas temáticas aparecem aqui e ali”, detalha.
Nas palavras de Pinho Vargas, estas temáticas são “uma característica que distingue” o seu trabalho de outros “colegas e amigos compositores portugueses”.