18 mar, 2024 - 07:02 • Maria João Costa
Vanessa Barragão nasceu ao pé do mar, em Albufeira e é na sua terra natal que voltou a instalar o seu atelier. Diz que precisa de estar próxima do mar e da natureza. Elas são a sua matéria criativa. Foi inspirada no oceano que criou “Coral Vivo”, a tapeçaria que o Estado português doa esta segunda-feira à Organização das Nações Unidas (ONU).
A peça com quatro metro por dois vai integrar a exposição permanente do edifício-sede da ONU. Para a sua doação, o primeiro-ministro, António Costa desloca-se este dia 18 de março a Nova Iorque, onde será recebido pelo secretário-geral da ONU, o português António Guterres.
“Com esta oferta (…) o Governo pretende valorizar a participação ativa de Portugal naquela organização, bem como o papel cimeiro das Nações Unidas na agenda dos Oceanos e na construção de um futuro mais verde, mais seguro e mais próspero”, lê-se na nota enviada por São Bento.
Em entrevista à Renascença, Vanessa Barragão explica que trata-se de uma “peça feita à mão, criada em 2024 e que mostra o que está a acontecer no meio ambiente”. Nas palavras da artista, este trabalho quer revelar “esperança”.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro, com esta doação pretende-se também sublinhar “o reconhecimento do papel do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no combate às alterações climáticas e na defesa intransigente de uma agenda pela sustentabilidade e pela ação oceânica, no ano em que se comemora o 30º aniversário da entrada em vigor da Convenção das Nações Unidas do Direito do Mar”.
“Coral Vivo” é uma tapeçaria de Vanessa Barragão que “celebra a importância e riqueza dos recifes de coral, um ecossistema com a maior biodiversidade do mundo”, explica a nota do gabinete de António Costa.
Em tons de “rosa, vermelho e azuis”, “Coral Vivo é uma peça muito feminina”, explica a artista que questionada o que significa para si ter uma peça na sede da ONU indica que se trata de um “marco importante” na sua carreira.
“Criando peças de grande escala (…) a artista e designer têxtil portuguesa transmite mensagens poderosas de apelo à consciência ambiental, alertando para a ameaça que estas áreas marinhas enfrentam, em resultado das alterações climáticas e da poluição”, lê-se no comunicado de São Bento.
Tem 31 anos é natural do Algarve. Vanessa Barragão estudou Design de Moda na Faculdade de Arquitetura, em Lisboa. Foi durante o mestrado que percebeu a sua paixão pelo têxtil que a fez em 2016 rumar ao Porto. Estagiou na Fábrica de Tapetes Beiriz, na Póvoa de Varzim, na altura em que começou a usar os desperdícios da indústria têxtil para criar as suas peças.
Chegou a abrir um atelier no Porto, mas em 2020 resolveu regressar a Albufeira, a sua terra natal, onde tem hoje o seu atelier. Desde criança em que fazia castelos de areia, sente forte ligação à natureza e em particular ao mar e traduz as suas preocupações ambientais através da sua criação artística. “Botanical Tapestry” é uma das suas peças expostas no estrangeiro. A tapeçaria está no aeroporto de Heathrow, em Inglaterra.