11 abr, 2024 - 12:12 • Maria João Costa
Velázquez terá pintado este quadro do rei num curto espaço de tempo, num atelier improvisado no meio de um quartel das tropas espanholas. Contudo, as condições não impediram o mestre da pintura espanhola de fazer um notável retrato que agora é mostrado em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
A pintura do Rei Filipe IV de Espanha, III de Portugal, de Diego Velázquez pertence à coleção The Frick Collection e é agora alvo de um empréstimo à Gulbenkian. A obra, uma “das favoritas do grande colecionador americano Henry Frick (1849-1919)”, é a Obra Visitante do Museu Calouste Gulbenkian, refere a instituição em comunicado.
De 12 de abril a 9 de maio vai ser possível apreciar este quadro nas Galerias do Museu Gulbenkian, devido a obras de remodelação e ampliação do museu de Nova Iorque onde está habitualmente exposto.
“Esta circunstância permitiu a circulação de algumas obras maiores que permaneciam, há mais de um século, no seu espaço histórico na East 70th Street, em Nova Iorque”, indica a Gulbenkian.
No comunicado pode ler-se que “a pintura Rei Filipe IV de Espanha é um excelente exemplo da mestria do artista, que se estabeleceu em 1623 como pintor da corte espanhola de Filipe IV”.
A obra foi, contudo, realizada num “contexto particular”, na primavera de 1644 quando Velázquez “acompanhou o monarca na sua incursão militar na Catalunha, por ocasião da revolta iniciada na região em 1640”
A tela do monarca foi realizada “num curto espaço de tempo, em condições pouco habituais, num ateliê improvisado, em Fraga, quartel-general das tropas espanholas”, explica a Gulbenkian.
Filipe IV surge investido no seu papel de chefe militar vitorioso, “envergando sobreveste, ricamente adornada com brocados que combinam com a faixa que suporta a espada, um dos símbolos da sua autoridade, a que acresce o bastão que evoca a vitória militar do seu exército após a reconquista da cidade de Lérida”, explica o museu.
A Coleção do Fundador, Calouste Gulbenkian chegou a ter um quadro de Velázquez. A fundação indica que o colecionador “era um grande admirador da obra” do artista. Chegou mesmo a adquirir, em 1919, a obra Retrato de D. Mariana de Áustria, da Coleção Lyne Stephens, mas a tela foi doada ao Museu Nacional de Arte Antiga.
“Esta nova Obra Visitante celebra o encontro do legado de dois grandes colecionadores, Henry Frick e Calouste Gulbenkian, que manifestaram o desejo de reunir as suas obras, tornando-as acessíveis ao público”, indica a fundação que terá o retrato de Filipe IV exposta nos próximos meses.