23 abr, 2024 - 12:12 • Olímpia Mairos
O artista português Bordalo II colocou uma caixa de medicamentos gigante na campa de António de Oliveira Salazar, no cemitério do Vimieiro, em Santa Comba Dão.
A caixa, que cobre por completo a sepultura, ostenta o nome do remédio “Liberdade”, classificado como um “Probiótico Antifascista”.
Uma “dose diária de democracia combate a opressão”, lê-se na embalagem.
A instalação artística surge no contexto das comemorações dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril, que se assinalam na quinta-feira.
Já na sua página de Instagram, onde divulga fotografias e um vídeo relacionado com a iniciativa, o artista escreve que “por algum motivo, os que têm ambições tirânicas e antidemocráticas, começam exatamente por atacar a liberdade – este conceito complexo que atravessa vários campos da nossa vida e sem o qual não teremos uma sociedade justa”.
“A liberdade é fundamental para cada um de nós e para o bem-estar de todos”, acrescenta.
Bordalo II diz ainda que “não nos podemos distrair e tomar a liberdade como um bem adquirido. Pelo contrário, temos que defendê-la e exercitá-la todos os dias. O 25 de abril serve também para nos lembrarmos disto!”
“Defender a liberdade é respeitar as diferenças, exigir direitos fundamentais universais e permitir a expressão do pensamento livre e da criatividade”, assinala, acrescentando que “também a arte deve ser livre, deve poder questionar, provocar e dar um ponto de partida para a reflexão”.
“25 de Abril SEMPRE, fascismo nunca mais”, conclui.
Bordalo II é conhecido pelas instalações artísticas marcadas pela crítica social e causadoras de polémica. Em julho do ano passado invadiu o altar-palco do Parque Tejo, em Lisboa, para colocar notas de 500 euros de grandes dimensões, em protesto contra o gasto de dinheiros públicos com a Jornada Mundial da Juventude.