06 mai, 2024 - 13:01 • Maria João Costa enviada da Renascença a Buenos Aires
Há mais de 40 anos que a alemã Nicole Witt se dedica a agenciar os principais nomes da literatura em língua portuguesa pelo mundo.
No seu catálogo estão nomes como Lídia Jorge, José Eduardo Agualusa, Mia Couto, José Luís Peixoto, entre outros. Esta alemã soma anos de experiência e muitas feiras de livro percorridas pelo mundo. Buenos Aires não foi exceção.
No espaço de Lisboa, na feira argentina visitada anualmente por mais de um milhão de pessoas estava uma das suas autoras. Lídia Jorge tinha acabado de falar e Nicole Witt fez questão de marcar presença.
Em entrevista à Renascença, a agente literária, que fala o português com um sotaque brasileiro arranhado pelo tom alemão, mostra-se espantada com a procura que os argentinos têm tido de livros escritos em português.
“Estão a vender muito bem!”, afirma acrescentando que “sempre se fala das fronteiras das línguas espanhola e portuguesa, mas aqui parece que isso é mentira! É ao contrário. Há muitas pessoas interessadas que até leem em português”, refere, concluindo que “é um grande momento de troca de culturas”.
Para Nicole Witt, este tipo de feiras são uma oportunidade. “É como uma janela que depois pode abrir mais portas”. Mas é preciso ajudas. A agente literária destaca o programa LATE, a Linha de Apoio à Tradução e Edição que a Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas tem, e que é essencial para que mais autores portugueses sejam traduzidos.
Numa altura em que também a autarquia de Lisboa se comprometeu em Buenos Aires em ajudar a encontrar pontes para que mais autores sejam traduzidos, Nicole Witt conta: “Ás vezes falo com editoras que às vezes me pedem: ‘Nicole, por favor indique-me projetos que têm a possibilidade de receber uma ajuda para a tradução ou edição”.
A agente conta que no atual mercado editorial quem trabalha com livros “está com cálculos muito apertados. Por isso é um grande incentivo e muito importante” haver programas que apoiem a tradução.