05 jul, 2024 - 06:58 • Redação
Sammy Ramsey estuda insetos, ou seja, é entomologista, mas a sua relação com estes animais nem sempre foi assim.
No rescaldo da GLEX Summit, uma cimeira de exploradores que decorreu na Ilha Terceira, nos Açores, o entomologista contou como nasceu esse fascínio. “Com sete anos, os meus pais levaram-me a uma biblioteca e disseram-me que as pessoas têm medo daquilo que não compreendem e que se aprendesse sobre essas criaturas, isso iria mudar a forma de interação com elas. Eles tinham toda a razão.”
“Depois de os conhecer [aos insetos], achei que eram as criaturas mais fascinantes do planeta”, acrescentou. Dedicou-se então a estudar abelhas e descobriu um parasita que afeta quase todas os exemplares desta espécie — o Varroa Destructor.
Este parasita está distribuído por todo o mundo e é a principal responsável pela morte de abelhas, “mais do que qualquer outra coisa”.
Num estudo realizado nos Estados Unidos, o entomologista encontrou este ácaro em mais de 96% das colónias. “Isso é muito, muito assustador”, rematou.
“Toda a gente consome alimentos que são polinizados por abelhas. Todos nós precisamos delas. Elas afetam todos os aspectos das nossas vidas", afirma o investigador. Por exemplo, “para a maioria de nós, a primeira coisa que fazemos quando acordamos de manhã é beber café, e não o teríamos sem elas”, explicou o entomologista.
São três os "P's" que ameaçam as abelhas: Parasites, pesticides and poor nutrition. Em português: parasitas, pesticidas e má nutrição.
As abelhas não têm nutrição suficiente no seu ambiente, e por isso, explica Sammy, “uma das soluções é plantar flores, porque lhes fornece mais alimentos.” Relativamente aos parasitas e pesticidas “são um pouco mais difíceis”.
O entomologista sublinha ainda que o Varroa é um parasita que é difícil de controlar. “É possível aplicar pesticidas na colónia para matar os ácaros, mas por vezes aplica-se demasiado e isso pode prejudicar as abelhas. Temos de encontrar uma forma mais sustentável de o fazer”.
Sammy indica que outra opção é “criar uma armadilha dentro da colónia”. Uma vez os ácaros são muito atraídos pelos zangões, uma das soluções seria retirar os machos da colónia e matar todos os parasitas, “mas isso leva muito tempo e consome muita energia das abelhas para o fazer” .
Sammy está a estudar uma forma sustentável de combater esse parasita. Para isso iniciou o Projeto “Honey Bee Genome Project”: “Sabemos que as abelhas da Ásia são geneticamente muito resistentes a estes parasitas. Se conseguirmos compreender todos os mecanismos de resistência no seu genoma, talvez possamos trazer alguns desses genes para as nossas abelhas, tornando-as mais capazes de controlar os parasitas de forma sustentável.”
O especialista está também a trabalhar num projeto para interromper as capacidades reprodutivas dos parasitas, de modo a que estes não consigam produzir ovos capazes de reproduzir mais ácaros.