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"Sem um espaço, os Artistas Unidos são postos em causa como companhia"

16 jul, 2024 - 06:10 • Maria João Costa

Esta terça-feira, a companhia de teatro fundada por Jorge Silva Melo faz uma ação em que o público é convidado a ajudar a desmontar o teatro. De malas às costas, os Artistas Unidos não têm para onde ir e lamentam inércia da Câmara de Lisboa.

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Já não é a primeira vez que andam com a casa às costas. Os Artistas Unidos, a companhia de teatro fundada por Jorge Silva Melo, foram despejados pela Universidade de Lisboa do Teatro da Politécnica e têm de fechar portas a 31 de julho.

Vão entregar a chave do teatro, que foi palco nos últimos 13 anos, sem ter um destino. A Universidade de Lisboa não renovou o contrato de exploração do Teatro da Politécnica, e os Artistas Unidos vão ficar sem teto.

Para ajudar a desmontar o teatro, esta terça-feira, a companhia marcou para as 17h30 uma ação a que o seu público se pode juntar e ajudar a fazer as malas. Em entrevista à Renascença, João Meireles, dos Artistas Unidos, fala em “dificuldades” e “dúvidas”.

“Se em 2002, quando nos disseram que tínhamos que sair do edifício da Capital, no Bairro Alto, foi uma notícia muito abrupta e inesperada, mas conseguimos ter um espaço de armazém para onde deslocar as coisas, aqui, embora soubéssemos com antecedência que íamos sair, estamos numa situação pior”, aponta.

Com o passar dos anos, diz este responsável, têm “muito mais material, muito mais equipamento, mais postos de trabalho para deslocar”, e, indica não têm onde pôr as coisas.

A cenografia, figurinos e adereços acumulados ao longo dos anos não cabem no “pequeno armazém partilhado” que lhes foi proposto. “A grande preocupação é essa. Vamos daqui a 15 dias entregar as chaves e ainda não sabemos exatamente onde é que vamos pôr todas as coisas que tirar daqui”, refere.

A Câmara Municipal de Lisboa já tinha conseguido, em 2023, intervir para que a Universidade de Lisboa prolongasse o contrato na Politécnica. Agora, diz Jão Meireles, tem mantido uma via aberta de diálogo com os Artistas Unidos, contudo, sem resultados.

João Meireles lamenta o que diz ser a “inércia” da autarquia de Carlos Moedas, perante um problema que já era anunciado.

Sem um palco alternativo, a questão é como farão a próxima temporada. No Teatro da Politécnica levaram à cena mais de 130 espetáculos e têm previsto retomar a atividade em setembro.

A 19 de setembro, querem estrear a peça "Búfalos" que encerra a trilogia de Pau Miró que têm vindo a apresentar, mas não sabem onde. João Meireles explica que “os Artistas Unidos conseguem passar meia temporada em palcos emprestados, mas não conseguem justificar a sua estrutura e missão muito mais tempo do que isso”.

Na sua opinião, “em 2025” têm de ter “um espaço próprio” onde possam trabalhar, apresentar os trabalhos e acolher outras companhias. “Se ultrapassarmos esta aflição de ter um espaço de trabalho, os Artistas Unidos continuam tão viáveis e tão pertinentes, como foram nos últimos anos. Sem um espaço, os Artistas Unidos são postos em causa como companhia”, critica.

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