05 set, 2024 - 19:22 • Sandra Afonso
É possível eliminar a pegada carbónica associada à produção e edição de livros? Foi com esse objetivo que surgiu a ideia do "Carbon Footprint Whitepaper", o livro branco apresentado esta quinta-feira em Lisboa, com recomendações práticas para o setor enfrentar os impactos climáticos e atingir a meta de emissões zero.
Segundo este trabalho, conduzido por Rachel Martin, diretora de Sustentabilidade Global na Elsevier (Países Baixos), o CO2 associado ao mercado editorial português é residual, representou em 2023 0,017% das emissões totais de Portugal, aproximadamente 9.874 toneladas de CO2.
Cada livro vendido tem, em média, um impacto de 555 gramas de CO2. Equivale a “conduzir 5,13 km num carro novo ou consumir 15,4 horas de conteúdo de streaming”, segundo este trabalho.
As maiores fontes de emissões registam-se na produção de papel (41%) e impressão (28%). Outras matérias-primas, como tintas e colas, contribuem com 20%.
O Livro Branco recomenda ao setor que trabalhe em conjunto para enfrentar os impactos climáticos, nomeadamente com a “identificação das áreas onde podem ser tomadas medidas coletivas para acelerar o processo de redução das emissões ao longo de toda a cadeia de abastecimento”.
Livros
Ainda assim, o mercado português continua aquém da(...)
Sugere ainda “o estabelecimento de uma visão para 2050, para acelerar a agregação e partilha de dados de carbono, bem como promover a consciencialização para a conformidade através de regulamentações emergentes.” Destaca também “a necessidade de inovação, especialmente na produção de papel e na otimização do uso de recursos na impressão”.
Este estudo foi realizado pela primeira vez em Portugal e contou com a participação de produtores de papel, gráficas, editores, distribuidores e livreiros portugueses. Deverá agora ser replicado noutros países.
O trabalho foi desenvolvido pela Publishing2030 Accelerator, com o apoio da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), e apresentado durante a segunda edição do Book 2.0, que decorre até sexta-feira no Museu do Oriente, em Lisboa.
Segundo Pedro Sobral, presidente da APEL, a associação tem “a responsabilidade de colocar a sustentabilidade ao lado de outras questões críticas para o futuro do nosso setor, como sejam a leitura, literacia ou digitalização”.
Este estudo permite concluir que “diversas iniciativas já foram iniciadas para aumentar a consciencialização e reduzir o impacto ambiental do mercado livreiro português, não obstante algumas barreiras percebidas em termos de custos e recursos necessários para ações climáticas, especialmente para pequenas e médias empresas”, acrescenta Pedro Sobral.
Dada a dimensão reduzida do mercado português, permite “uma flexibilidade que pode ser útil para testar abordagens metodológicas de relatórios de carbono que podem ser aplicadas noutros mercados”, conclui Pedro Sobral.