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O original do primeiro comunicado do MFA está em exposição

25 set, 2024 - 18:37 • Maria João Costa

No Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, inaugura a exposição “Às Armas ou às Urnas - Povo, MFA e Forças Armadas: entre revolução e democracia (1974-1982)”. Até 16 de fevereiro a mostra revela objetos, mas também o fio do tempo dos acontecimentos entre a Revolução dos Cravos e as autárquicas de 1982.

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A abrir a exposição, sobre um fundo com as cores nacionais, está em destaque a data de 25 de Abril de 1974. A instalação da autoria do artista António Viana coloca o visitante naquele que foi o dia que a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen descreveu como o “dia inicial inteiro e limpo”.

Mas a exposição “Às Armas ou às Urnas - Povo, MFA e Forças Armadas: entre revolução e democracia (1974-1982)” patente a partir desta quarta-feira e até 16 de fevereiro no Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, vai mais longe.

Mostra ao público, em painéis, o fio do tempo, desde o dia da Revolução dos Cravos até ao momento em que Portugal assinou o contrato de adesão à então Comunidade Económica e Europeia. Pelo meio estão a descolonização, o verão quente ou as várias eleições e a revisão Constitucional de 1982

Organizada pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, a exposição conta com a curadoria dos historiadores Bruno Cardoso Reis, David Castaño e Gonçalo Margato. A comissária executiva, Maria Inácia Rezola explica à Renascença que se trata de uma mostra de carácter “didático”.

“Esta exposição procura contar a história da construção da democracia portuguesa. Todos nos habituamos a valorizar, e bem, a importância de 1974 e 1975 da Revolução, mas a verdade é que até que a democracia se consolidasse foi necessário percorrer um longo caminho”, explica Maria Inácia Rezola.

Esse caminho é revelado na exposição não só através de um conjunto de fotografias e filmes, mas também com recortes de jornais e objetos. Um deles é o primeiro comunicado do MFA que surge anotado à mão.

O historiador Bruno Cardoso Reis explica que também o programa do MFA foi emendado à mão. “São as famosas emendas do próprio dia, nomeadamente do general Spínola que impõe uma série de alterações que têm a ver com a questão do Ultramar”.

Segundo o curador, “havia uma tendência que acaba por prevalecer de negociações e independência rápidas, mas o general Spínola representa uma tendência que defende um processo mais controlado e continua a sonhar com uma federação o que implicaria a continuação do esforço de guerra”.

Mas na exposição onde o público percorre o arco temporal entre o dia 25 de Abril, o Verão Quente, as primeiras eleições livres, até ao momento em que Mário Soares é eleito como o primeiro Presidente da República não militar da democracia portuguesa, poderá também apreciar outros objetos que contam os acontecimentos.

Entre eles, aponta Maria Inácia Rezola, está “o gravador utilizado na Assembleia de Tancos, em setembro de 1975” ou, mais à frente, noutra vitrine, o relógio utilizado para cronometrar as intervenções nas reuniões do Conselho da Revolução que, segundo a comissária executiva, “eram muito longas”.

Também exposto está um exemplar de “Gabriela, Cravo e Canela”, a novela brasileira que marcou uma viragem. O historiador Bruno Cardoso Reis conta mesmo que foram suspensos “os trabalhos da Assembleia para assistir ao último episódio e conta-se também que numa reunião entre Mário Soares e Álvaro Cunhal, em São Bento, de repente estava toda a gente muito preocupada porque a reunião nunca mais acabava e alguém se atreveu a bater à porta e, na verdade, a reunião já tinha acabado e eles estavam a ver um episódio da telenovela”.

A exposição que tem entrada gratuita contará com visitas guiadas pelos curadores nos dias 20 de outubro, 15 de dezembro, 12 de janeiro e 9 de fevereiro, entre as 10h00 e as 13h00. Estão também agendados três debates: “Campanhas de Dinamização Cultural” a 26 de novembro, às 18h00; “Mulheres, Defesa e Democracia” a 14 de janeiro, às 18h00; e “Lei da Imprensa” a 7 de fevereiro, às 18h00. A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 17h. Encerra às segundas e feriados.

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