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1.500 azulejos para celebrar 50 anos de abril. Lisboa e Porto ganham novos murais

13 out, 2024 - 12:11 • Cristina Nascimento

Centenas de pessoas anónimas pintaram os azulejos, mas também artistas conhecidos como Vhils ou Capicua. A coordenação do projeto, uma iniciativa do PCP, ficou a cargo do artista plástico Miguel Januário, também conhecido por “+-“.

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Lisboa e Porto vão ganhar dois novos exemplares de arte urbana. São dois murais de azulejos, alusivos ao 25 de abril, feitos por centenas de pessoas e com a coordenação do artista plástica Miguel Januário, também conhecido por “Mais Menos”.

Ao longo de um ano, a convite do PCP no âmbito das comemorações do 50 anos do 25 de abril, Miguel Januário coordenou oficinas nas duas cidades, onde centenas de pessoas foram convidadas a pintar num azulejo as suas “experiências, visões, emoções, relações com o 25 de Abril e com a Constituição”, descreve à Renascença.

Foram pintados mais de 1.600 azulejos. Quase mil desses azulejos vão compor o mural de Lisboa que terá cerca de oito metros e meio por cinco. Vai ficar junto à estação de comboios no Rossio e é inaugurado este domingo. O do Porto será mais pequeno, terá cerca de 700 azulejos, e vai ficar na parede exterior de estação da Trindade, ainda sem data de inauguração.

Ambos os murais vão representar um cravo e são obras com duas dimensões, explica o artista. Uma à distância, onde se vê o cravo, e outra, uma dimensão mais próxima, onde cada azulejo traduz a visão de abril de quem o pintou.

São obras coletivas, feitas a muitas mãos e que puseram lado a lado centenas de pessoas “de todas as idades, crianças, idosos, pessoas ligadas ao PCP e muitas outras que não estão ligadas ao PCP”, adianta o artista.

Ao lado dos anónimos figuram ainda nomes conhecidos de vários ramos das artes como Vhils, a cantora Capicua ou a humorista Beatriz Gosta.

“Os convites foram endereçados, grande parte dos artistas aceitou o convite e os desafios. Juntaram-se nas oficinas e fizeram com as pessoas lado a lado, o Francisco, de oito anos, e o Alexandre Farto [Vhils]”, diz, a rir.

O processo de criação destas obras foi “muito demorado, mas muito belo e muito profundo”.

Miguel Januário descreve o “entusiasmo” e “generosidade” com que viu as pessoas participarem, bem como uma noção de que “o mural lhes pertence também”.

“De há uns tempos para cá, perguntam-me ‘então e o nosso mural, o meu azulejo, onde é que vai estar?’. Isto há uma relação de pertença muito bonita e de comunidade que, de alguma forma, reforça também este sentimento de Abril e toda esta relação que existe com aquilo que Abril representa”, explica.

Nesta entrevista à Renascença, Miguel Januário explica que nas oficinas estavam disponíveis vários exemplares da Constituição Portuguesa, umas edições de bolso que “pessoas consultavam, aprendiam ali algo mais sobre a Constituição”.

“Imagino que algumas nunca tivessem lido, se calhar, a Constituição e foram ver os artigos foram investigar e depois então traduziram para o azulejo algo sobre a Constituição. No final, quando arrumávamos as coisas, faltavam sempre constituições, o que quer dizer que as pessoas também as levavam para casa. É bonito esse gesto de querer saber mais, querer levar para casa, querer ter a Constituição”, descreve.

Sobre o 25 de abril, Miguel Januário considera que “ainda há caminho” para fazer de forma a que se “cumpra” abril na totalidade. E isso também está expresso na obra.

“Os murais vão ter a palavra ‘cumprir’ inacabada”, remata.

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