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Miguel Sousa Tavares

“É importante escrever livros para uma geração que está a deixar de ler”

16 nov, 2024 - 19:00 • Maria João Costa

Miguel Sousa Tavares considera que escrever livros infantis “é um grande exercício de humildade e simplicidade” para os escritores. O autor esteve em Braga, no Festival Utopia, onde participou no podcast Vale a Pena de Mariana Alvim.

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Miguel Sousa Tavares está a escrever dois novos livros. O autor de Equador esteve este sábado em Braga, no Festival Utopia, a participar numa edição ao vivo do podcast "Vale a Pena" de Mariana Alvim, onde falou sobre a sua escrita e os seus hábitos de leitura.

Autor também de livros infantis como “Ismael e Chopin” que escreveu inspirado no seu filho maestro Martim Sousa Tavares, explicou porque é para si importante escrever para crianças.

É importante escrever livros infantis para uma geração que, infelizmente, está a deixar de ler”, afirmou, acrescentando outra razão: “para o escritor é muito importante conseguir escrever livros infantis, porque é o regresso à simplicidade absoluta da escrita”

Sousa Tavares admite não ser fácil. “Temos de nos transportar para a cabeça de uma criança de 6, 7 anos, falar a linguagem deles e de coisas que eles ainda, mas que queremos que eles descubram.”

Este retorno a uma escrita simples, é na opinião de Miguel Sousa Tavares, um exercício de “humildade e simplicidade” para o escritor que nesta entrevista, na Capela da Imaculada, em Braga, recordou a mãe, a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen.

“A minha mãe não era uma grande leitora. Disse-me uma vez que já estava numa idade em que não iria ler todos os livros que achava que deveria ler, então decidiu que só iria reler os livros de que tinha gostado”.

Sophia “tinha a estante organizada entre os livros que gostava e os que não gostava”, explicou Sousa Tavares que recorda que foi a mãe que lhe recomendou o livro de Luís Sepúlveda “O Velho que Lia Romances de Amor”, um dos livros que o escritor levou ao podcast

Além deste livro de Sepúlveda, Miguel Sousa Tavares recomendou e explicou a razão das escolhas de obras como “Anna Karenina” de Tolstoi, “As Memórias de Adriano” de Margarite Yourcenar e “Cem anos de Solidão” de Garcia Marquez.

No podcast "Vale a Pena", o escritor lembrou ainda o seu pai, Francisco Sousa Tavares que “tinha uma estante até ao teto” e recordou como tinha que fazer quase “alpinismo” para chegar aos livros como os de Jorge Amado.

“A minha irmã dizia, lá em cima é que estão os livros bons!”, contou Sousa Tavares que se lembra de “escalar” a estante e “deitar-se no cimo” a ler os livros que o pai queria manter afastados dos filhos mais novos.

Sobre o pai contou ainda que foi preso pela PIDE três vezes, e de todas as vezes que foi detido lhe deram a Biblia para ler. “Ele dizia que deveria ser o único que tinha lido a Bíblia”.

Já sobre os seus hábitos de leitura, Sousa Tavares confessa que sempre leu “mais do que um livro ao mesmo tempo”, mas desde que foi viver para o Algarve tem lido “compulsivamente”.

“Já despachei a fila de livros que tinha para ler. Quando não é bom, aguento 20 a 30 páginas, e ponho de lado”, contou o autor que admitiu ter feito três tentativas de ler o “Ulisses” de James Joyce.

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