02 dez, 2024 - 12:58 • Maria João Costa
O realizador Ivo M. Ferreira diz que a série assume um tom “western de uma certa portugalidade rural”. “O Americano”, que estreia esta noite na RTP, é uma série de oito episódios que tem como base factos reais. O argumento é assinado pelo realizador em conjunto com o escritor Bruno Vieira Amaral e Hélder Beja.
“Filmámos a precariedade, a lata, a habilidade e a coragem dos bandidos. O resto é festa e tragédia”, escreve Ivo M. Ferreira na nota de intenções desta série que revisita a história dos “irmãos Cavaco”.
É uma das “histórias mais intrigantes da década de 1980”, diz o comunicado sobre a série, que explica que na base estão factos verídicos sobre um “gangue liderado por Faustino Cavaco, conhecido como ‘O Americano’, que semeou o pânico no Algarve com assaltos audaciosos e protagonizou a fuga de prisão mais violenta da história portuguesa”.
A ajudar a dar corpo à história esteve também o livro “Vida e mortes de Faustino Cavaco”, escrito pelo próprio com a colaboração do jornalista Rogério Rodrigues. Exibida sempre às segundas, às 21h00, a série conta no elenco com atores como João Estima, Ivo Canelas, Adriano Luz, Jani Zhao, Adriano Carvalho, Carloto Cotta, Gonçalo Waddington, Isac Graça, João Pedro Mamede, Pedro Carraca e Vera Moura.
Rodada no Algarve, em Alcochete, Montijo, Lisboa e Santarém, a série conta também com a participação especial de Ana Bustorff, José Neto, Rui Morisson e Zeca Medeiros. O realizador Ivo M. Ferreira recorda-se desta história a que agora dá forma.
“Do auto-rádio gritava-se o assunto que dominava toda a imprensa e aterrorizava o país: seis homens muito perigosos, fortemente armados, estavam a monte depois da fuga sangrenta da Colónia Penal de Pinheiro da Cruz – que tinha uma reputação assustadora”, escreve na nota introdutória, recuperando as suas memórias de infância.
“Os fugitivos andavam algures pelo Algarve - tinham feito já vários 'carjacking' a famílias que, como nós, iam a caminho das praias. As notícias e o verão seguiram depois da captura de alguns dos reclusos em fuga e do suicídio de um deles no momento em que a polícia o cercou para o devolver à prisão que chamavam de ‘inferno’”, lembra Ivo M. Ferreira.
O realizador explica, assim, que a notícia acabou por pôr “a circular rumores sobre as condições desumanas com que eram tratados os reclusos, a violência a que eram submetidos pelos guardas e os ‘desaparecimentos’ de presidiários que seriam enterrados e dados como fugitivos”.
Sobre os “Irmãos Cavaco” - que, na realidade, não eram irmãos de sangue, mas apenas partilhavam o nome -, diz Ivo M. Ferreira, recaiu a “maior caça ao homem de sempre em Portugal”.
“A história de Cavaco insere-se no retrato de um Portugal onde uma revolução e um PREC passaram quase ao lado da serra algarvia, da entrada na CEE e nas imensas oportunidades que levaram Portugal a revestir-se de marquises e tetos falsos”, lembra o realizador, que contou com a produção de Ana Pinhão Moura na série que agora estreia.