05 dez, 2024 - 11:10 • Maria João Costa
“Figura incontornável da democracia”, Francisco Sá Carneiro que morreu num acidente de avião em Camarate há 44 anos, será recordado no próximo ano numa exposição no Porto.
A mostra que terá como título “Francisco Sá Carneiro e a construção da democracia” foi apresentada ontem pelo autarca do Porto, Rui Moreira e José Pacheco Pereira do Arquivo Ephemera.
“Fruto de uma cooperação entre a Câmara do Porto e o Arquivo Ephemera, a exposição vai revelar documentos desconhecidos sobre a vida política de Sá Carneiro, muitos deles provenientes do seu espólio pessoal”, indica o comunicado da autarquia.
Esses documentos inéditos foram preservados “em grande parte por Conceição Monteiro, uma das secretárias do Partido Popular Democrático (PPD)”, indica a autarquia.
A exposição que deverá abrir a 25 de abril do próximo ano vai “fazer emergir o papel decisivo que Sá Carneiro teve em diversos momentos da vida política da década de 1970”, indica o comunicado.
“Temos uma novidade: o PPD teve um serviço de informações em 1975, ou seja, um serviço secreto”, adiantou o historiador José Pacheco Pereira que irá mostrar documentos, até agora confidenciais, redigidos pelo então Serviço de Centralização e Coordenação de Informações.
São, segundo Pacheco Pereira, documentos que “retratam questões muito importantes sobre o período do PREC [Processo Revolucionário em Curso]”, que serão mostrados na exposição.
Na opinião de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, a exposição será “uma novidade para muitas pessoas”, por se tratar de “uma exibição com um conjunto de documentos inéditos”.
Patente até ao início do verão, e com entrada livre, a exposição vai também “desvendar episódios que antecederam a criação do PPD”, colocando a tónica nos três eixos do liberalismo, personalismo cristão e social-democracia europeia.
Do Arquivo Ephemera sairão ainda documentos sobre a chamada Ala Liberal, incluindo “listas com os nomes das pessoas que o PPD queria convidar para integrar o partido e documentos sobre conflitos no meio sindical, as eleições de 1975 e 1976 e os principais congressos”, refere o comunicado.
Serão ainda abordadas na exposição, a “campanha contra Sá Carneiro, o processo de criação da Aliança Democrática e a correspondência ‘duríssima’ trocada com Ramalho Eanes”.
De acordo com Rui Moreira, “Francisco Sá Carneiro é uma figura que não pode ser perdida nos nevoeiros da história”. Segundo o autarca, o ex primeiro-ministro é uma “figura incontornável da democracia” e um dos políticos “mais notáveis da época”.
Sá Carneiro que morreu no acidente de avião, em 1980, em Camarate que matou também Snu Abecassis, Adelino Amaro da Costa e a sua mulher, António Patrício Gouveia e os pilotos Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa, completaria 90 anos este ano.