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Jornal satírico compra site de desinformação de Alex Jones

14 nov, 2024 - 14:25 • Daniela Espírito Santo

Infowars foi comprado pelo jornal The Onion em leilão, com a ajuda das famílias do massacre de Sandy Hook, razão da falência de Jones.

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O jornal satírico The Onion comprou em leilão o site de desinformação e teorias da conspiração Infowars, de Alex Jones.

A publicação adquiriu o site que transmitia teorias da conspiração durante um leilão, uma medida apoiada pelas famílias das vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook, a quem Alex Jones foi condenado a pagar quase mil milhões de dólares de indemnização.

Durante anos, Jones alegou que o tiroteio que provocou a morte de 20 crianças e seis funcionários da escola primária de Sandy Hook, em Newtown, no Connecticut, foi encenado por atores como parte de um plano do Governo para aumentar os controlos à posse de armas de fogo por cidadãos norte-americanos. Desde então, o animador de rádio e conspiracionista admitiu que o massacre teve mesmo lugar, mas tal não o livrou de ser condenado a pagar uma indemnização às famílias das vítimas - o que o levou a abrir bancarrota e a declarar a falência daquela página norte-americana, associada à extrema-direita.

"A dissolução dos bens de Alex Jones e a morte do Infowars é a justiça que há muito esperávamos e pela qual lutamos", disse, esta quinta-feira, Robbie Parker, pai de uma das crianças mortas no tiroteio de Sandy Hook, no Connecticut.

A informação foi confirmada pelo próprio Alex Jones, via X (antigo Twitter).

Não se sabe, para já, qual o valor da aquisição, mas Alex Jones já confirmou que o seu site foi mesmo comprado pelo The Onion, prometendo lutar na justiça para impedir que tal aconteça. Jones, de resto, anunciou a "última transmissão dos estúdios do Infowars" no site que ainda lhe pertence, por entre artigos com títulos sobre "como o Wifi pode ser usado para influenciar as ondas cerebrais" ou como "o autismo não é só neurológico", ou ainda outros cujos títulos asseguram que "os seus filhos já são comunistas e a faculdade só os vai piorar" ou que a Covid-19 foi uma "fraudemia".

O que acontecerá à plataforma? Para já, é uma incógnita, apesar da direção do jornal já ter publicado um comunicado em que explica por que razão comprou o site de extrema-direita conspiracionista.

"Hoje celebramos uma nova adição à nossa família de marcas", começa por dizer a missiva, explicando a história do site de Alex Jones com uma mistura de factos e sarcasmo, como costuma ser apanágio do The Onion (uma espécie de Inimigo Público norte-americano).

"Fundada em 1999 logo após o 'pânico' satânico e crescendo constantemente desde então, a InfoWars destacou-se como uma ferramenta inestimável para a lavagem cerebral e o controlo das massas. Com uma mistura astuta de paranoia delirante e truques duvidosos de nutrição antienvelhecimento, esforçam-se para tornar a vida mais assustadora e mais longa para todos, uma meta louvável", satirizam. Em jeito de elogio, celebram o "compromisso inabalável" do site em "fabricar raiva e radicalizar os membros mais vulneráveis da sociedade", valores que, ironizam, "ressoam profundamente" com os donos do The Onion.

"Nenhum preço seria alto demais para tal cornucópia de ativos e mentes maleáveis", brincam, dizendo, no entanto, que a compra foi "uma pechincha" e sem levantar o véu sobre o que acontecerá a seguir, mas deixando uma garantia: "os fundos excedentes alocados para a compra serão reinvestidos nos nossos esforços filantrópicos", diz a empresa, esforços esses que incluem "bolsas de estudo de administração para líderes de seitas" ou para a doação de eleições para "ditadores de terceiro mundo" que estejam em risco, entre outros exemplos igualmente duvidosos.

"Tudo será revelado no seu devido tempo", termina a missiva.

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