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Compositor Luís Tinoco é o Prémio Pessoa 2024

12 dez, 2024 - 12:00 • Maria João Costa

Depois do poeta, cardeal e Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, D. Tolentino Mendonça, o músico e professor Luís Tinoco o vencedor da edição deste ano do Prémio Pessoa.

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Luís Tinoco é o vencedor do Prémio Pessoa 2024. O anúncio foi feito esta quinta-feira no Palácio de Seteais, em Sintra, onde esteve reunido o júri. O compositor de música portuguesa sucede a Tolentino Mendonça, o poeta e cardeal português que foi distinguido em 2023.

É a terceira vez que o prémio é entregue a um artista da área da música. No passado, a pianista Maria João Pires tinha vencido em 1989, na terceira edição e, em 2000, o Prémio Pessoa foi atribuído ao compositor Emanuel Nunes.

Com um valor de 70 mil euros, este prémio é uma iniciativa do semanário "Expresso", com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos que visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país.

A deliberação foi lida por Francisco Pedro Pinto Balsemão, que excecionalmente substituiu na presidência do júri, o pai Francisco Pinto Balsemão que está doente.

Nas palavras do júri, a obra de Luís Tinoco “revela um sólido domínio da forma e da instrumentação, bem como a linguagem, eminentemente pessoal que privilegia a comunicação afetiva com o público, sem nunca comprometer o rigor da escrita”

Formado em composição na Escola Superior de Música de Lisboa, Luís Tinoco tem mestrado na mesma área, pela Royal Academy of Music e é doutorado pela Universidade de York.

Além de compositor, é também professor na Escola Superior de Música de Lisboa e programador e divulgador musical. O júri destaca precisamente “uma relevante atividade pedagógica”. Na Antena 2 intervem em programas radiofónicos e é diretor artístico do Prémio e Festival Jovens Músicos.

No passado colaborou no espetáculo “Evil Machines” – uma fantasia musical com libreto e encenação do ex-Monty Python, Terry Jones levado À cena no São Luiz Teatro Municipal

Entre 2016 e 2018, exerceu o cargo de compositor residente no Teatro Nacional de São Carlos e, na temporada de 2017, foi Artista Associado da Casa da Música.

"É um prémio para a vida musical portuguesa"

Em declarações à Renascença, no final do encontro, o musicólogo Rui Vieira Nery referiu que este é um prémio não só para Luís Tinoco, mas “também para a vida musical portuguesa”.

Nery que referiu que foi “um processo difícil” a escolha, enalteceu o facto de pela terceira vez o prémio distinguir a música. É um “prémio multidisciplinar e, portanto, nós estamos a comparar o que é incomparável, portanto, gente muito boa das letras, das artes, das ciências, da vida pública, e depois temos que procurar um consenso que é feito por eliminatórias sucessivas, até que temos finalmente dois nomes”.

“Procuramos que haja um equilíbrio entre as várias áreas disciplinares”, explicou o membro do júri. “Teve muita importância o mérito absoluto do Luís Tinoco como personalidade, como compositor, antes de mais, com uma reputação nacional e internacional, muito firmada”.

Rui Vieira Nery apontou ainda a importância do “conjunto da intervenção de Luís Tinoco”, não só como compositor, mas também como “um grande professor de composição que já tem alunos que, eles próprios, se vêm afirmando como compositores”.

Questionado pela Renascença sobre o facto do trabalho de Luís Tinoco não se restringir apenas à música erudita, Rui Vieira Nery referiu que “Luís Tinoco é um homem de grande cultura, no sentido mais amplo do termo e gosta de se cruzar com o teatro, com a poesia e as artes plásticas”.

Filho do “multi-talentoso José Luís Tinoco, arquiteto, pintor, compositor, poeta”, lembrou Nery, Luís Tinoco leva para a sua música essa “curiosidade com as outras artes” é, nas palavras do musicólogo, “o coração da sua própria composição”.

Em 2023, o distinguido foi o cardeal D. Tolentino Mendonça que nas palavras do júri foi apontado como uma personalidade que se distingue de forma “notável e diversificada” na sua “atividade intelectual”, que “projeta uma visão do mundo norteada por uma espiritualidade que pretende acolher, compreender e transcender as dilacerações, conflitos e sofrimentos da Humanidade”.

Habitualmente presidido por Francisco Pinto Balsemão, o júri é constituído por Paulo Macedo (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Emílio Rui Vilar, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Eduardo Souto Moura, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.

Atribuído desde 1987, o Prémio Pessoa já distinguiu personalidades como o historiador José Mattoso, a pianista Maria João Pires, o médico João Lobo Antunes, o escritor José Cardoso Pires, o arquiteto Eduardo Souto Moura, o compositor Emanuel Nunes, o encenador Tiago Rodrigues, a cientista Elvira Fortunato ou o poeta João Luís Barreto Guimarães.

[Atualizado às 13h00 com declarações de Rui Vieira Nery]

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