20 dez, 2024 - 13:47 • Maria João Costa
Os índices de leitura mostram que há cada vez mais hábitos de leitura. Os portugueses estão a ler muito e as redes sociais têm dado uma ajuda a impulsionar a leitura, sobretudo junto dos mais novos. Numa altura em que preparamos as últimas compras de Natal, no programa Ensaio Geral escolhemos livros para vários gostos.
O autor inspirou-se na história de um amigo para este romance em que leva o leitor para as ruas da periferia da Grande Lisboa e explora a vida de Calita, um jovem que foi DJ em Benidorm e que sonha voltar a sê-lo.
“Tentei escrever um livro para descobrir quem é ele e o que ele andava à procura. Aparentemente, anda à procura de uma mesa de mistura para ser DJ e procura encontrar algo que o realize. Mas, não sei se não há outras coisas mais profundas que ele está à procura. Eu acho que o livro é que responde a essa pergunta. Ao escrever tinha essa intenção que o leitor partilhasse um pouco da vida desta personagem”, diz Bruno Vieira Amaral.
O livro recheado de descrições escritas de forma torrencial coloca a personagem num contexto social pobre, onde o racismo marca a vida e onde a vida cabe dentro de uma barraca.
É o livro que marca o regresso de Julieta Monginho à ficção, depois do premiado “Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio”. Este é um romance sobre Mimi, uma mulher cuja vida tropeça numa história de abuso e que se deixa levar pelas inseguranças. A autora que foi magistrada do Ministério Público, especializada na área de Família e Crianças volta a usar a sua experiência profissional para a transformar em literatura.
“Quis sobretudo fazer incidir o tema dos direitos da igualdade da mulher, contando um episódio de violência sexual. Mas o livro é muito mais do que isso. A minha natural vontade de escrever é uma mistura de coisas, não só as artes, caso também a imigração. Não trato os temas por dever, por ser militante. Não vejo a escrita como panfletária. Não tem nada a ver com isso, mas nunca descuro a complexidade”, explica Julieta Monginho.
Julieta Monginho é uma autora que diz que para si “escrita e vida não se dividem”, daí escrever sobre o mundo atual.
São 39 poemas escritos entre 2022 e 2024, no Porto, Venade e "algumas cidades estrangeiras", como indica o poeta João Luís Barreto Guimarães. “Claridade” é um livro luminoso, onde surgem ainda resquícios da pandemia, e onde o poeta observa desde questões do quotidiano, até aos grandes temas da política mundial
“Claridade vem de uma certa vontade de reciprocidade relativamente às relações interpessoais com os outros, e com as personagens, com quem me cruzo no mundo. Acho que estamos a seguir à pandemia, numa altura em que é muito importante cada pessoa dizer ao que vem, o que traz, e o que é esse apelo à verdade subjetiva de cada um para que o outro possa fazer uma avaliação benigna ou tóxica do interlocutor que tem pela frente. Acho cada vez mais importante, cada um de nós ter a possibilidade de expor as suas ideias e submeter-se ao escortino da comparação pelos outros. Ao interpretamos o bem e o mal, nesse sentido, este livro é muito político”, diz o poeta.
O conflito do Médio Oriente, Putin são temas que o poeta convoca para os seus versos e os mistura com tarefas domésticas num equilíbrio subtil.
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É um livro-álbum infantil, mas é também um disco, e um álbum ilustrado para apaixonados por felinos. Este livro-álbum intitulado “Um Gato É Um Gato” reúne as palavras de poetas portugueses e estrangeiros que escreveram sobre gatos. Desde um poema original de Hélia Correia, a outros de Fernando Pessoa, Ary dos Santos, Baudelaire, Eugénio Lisboa ou Manuel António Pina, Amélia Muge pegou neles e deu-lhes voz, mas fez também ilustrações.
“Foi uma experiência incrível começar a perceber a quantidade de escritores que já tinha escrito sobre gatos. Juntando a isso o pedido à Hélia Correia para fazer um poema e à minha ligação próxima com Eugénio Lisboa, que nos inundava com poemas sobre gatos, depois veio a dar o livro. Para mim, compor e escrever tem também de ter sempre um traço, um risco no papel e por isso, acaba por ser também um livro ilustrado”, explica Amélia Muge.
É um três em um. Se comprar o livro, lá dentro encontra um código onde pode descarregar o disco para cantar com os mais novos da família
É conhecida como a cidade das janelas. Fica na India e é um dos lugares sagrados para os hindus. Vrindavan, a cidade onde se crê que Krishna passou parte da sua infância, dá nome ao livro de fotografia editado por Paulo Segadães. O músico, fotografo de formação mergulhou na cidade, mas também naquela filosofia de vida.
“Juntei as minhas economias e como sou um homem dos sete ofícios tentei fazer o mais possível, que saísse tudo de mim. Planeei a viagem para ir em agosto de 2023, estive lá quase três semanas. Quando se aterrei na Índia tive um choque cultural muito grande. A Índia é mesmo diferente e Vrindavan mais ainda. É literalmente um sítio que parece que está parado no tempo, e as minhas fotografias mostram um bocadinho isso”, diz Paulo Segadães.
Neste recanto da Índia, Paulo Segadães captou as imagens de cores vivas que estão no livro, numa edição de autor, com um grafismo cuidado e onde usou uma máquina de escrever do avô para escrever alguns dos textos que publica. O livro está disponível a partir das redes sociais do fotografo.
É uma obra que dá a conhecer a empreitada de recuperação pensada para o Mosteiro da Batalha, o monumento classificado como património mundial da UNESCO. A obra documenta o restauro pioneiro de 1840-1843 e conta com introdução de Clara Moura Soares. A edição é bilingue e tem o apoio mecenático da Fundação Gaudium Magnum de Maria e João Cortez de Lobão.
“Este livro é um testemunho na primeira pessoa feito por Luis Mousinho de Albuquerque, que foi o responsável pelo restauro do Mosteiro da Batalha no século XIX, entre 1840 e 1843. Ele escreve a “Memória inédita acerca do edifício Monumental da Batalha”, onde narra todos os procedimentos, todas as questões envolvidas no processo de intervenção no monumento. Mostra os grandes desafios que enfrentou para restaurar este monumento tão celebrizado nacionalmente, mas também tão valorizado internacionalmente já naquela época”, indica Clara Moura Soares.
O livro continua, ainda hoje, a ser ferramenta de trabalho para quem trabalha da conversação do Mosteiro da Batalha. Com prefácio de Maria João Neto e fotografias novecentistas do monumento, o livro tem edição da Scribe