31 dez, 2024 - 11:00 • Maria João Costa
“Não quero morrer, quero brincar. Estou contente, deixo-me estar acordada”, escreve Adília Lopes no poema “Muitos anos dourados” do livro “Pardais” (Ed. Assírio e Alvim). A poetisa que gostava de brincar também com as palavras morreu na segunda-feira aos 64 anos e Marcelo Rebelo de Sousa presta-lhe hoje homenagem.
Na página de internet da Presidência, o chefe de Estado recorda Adília Lopes como uma poetisa “única na sua geração”. Escreve Marcelo Rebelo de Sousa que “havia nos seus versos e nas suas anotações diarísticas uma dimensão de divertimento e um subtexto de desamparo que a tornaram única na sua geração e em qualquer geração”.
Esta poetisa de culto teve “uma vida tão intensa quanto discreta”, refere Marcelo Rebelo de Sousa que indica que “o seu aparente prosaísmo deu-nos uma visão alternativa do que é a poesia”.
Adília Lopes que escreveu “Sem liberdade não há felicidade” e “Sem democracia não há alegria” é lembrada por Marcelo Rebelo de Sousa como alguém que “desde os primeiros livros, na década de 1980, estendeu o conceito do poético na poesia portuguesa contemporânea”.
“Jogando, de forma lúdica ou sofrida, com o trivial, o confessional, o falsamente inocente, o humorístico, o desarmante e até o perverso”, escreve o presidente, Adília Lopes não deixou de “manter uma mundividência mais benevolente do que cética, e jamais cínica”.
Adília Lopes escreveu em “Choupos” (Ed. Assírio e Alvim) que “Poesia é…o espelho do poeta/é um elefante imitando/uma gazela/é o que nós quisermos”.
Marcelo Rebelo de Sousa evoca a memória desta poetisa que raramente deu uma entrevista ou surgiu em publico em eventos literários como alguém com “vida tão intensa quanto discreta” e cujo “seu aparente prosaísmo” deu “uma visão alternativa do que é a poesia”.